Anticoagulantes e outras drogas muito utilizadas em cardiologia e neurologia costumam causar certa preocupação devido aos seus possíveis efeitos colaterais.

Os anticoagulantes são drogas que têm como efeito reduzir a formação de coágulos sanguíneos.

Essa ação é extremamente desejada para tratamento e prevenção de diversas doenças cardiológicas como arritmias e problemas das válvulas, por exemplo; além de neurológicas como a prevenção de AVC) – acidente vascular cerebral.

Ao mesmo tempo em que reduzimos a tendência de formação de coágulos, típicos dessas situações, aumentamos o risco de sangramento exagerado em eventuais traumatismos, quedas e ferimentos, entre outros.

Mas, afinal, é seguro usarmos essas drogas?

Conhecemos anticoagulantes há muitas décadas e, até recentemente, a varfarina foi a droga mais utilizada. Seu efeito depende da dose ingerida, sua potência varia individualmente e pode sofrer influência de alimentos e outros medicamentos.

Esse fato sempre representou uma dificuldade no seu manejo, porque variações de doses ou hábitos alimentares acarretavam a perda do efeito ou risco de sangramento. O ajuste das doses depende de realização de exames laboratoriais frequentes o que, em muitas ocasiões, pode inviabilizar seu controle, principalmente em grupos mais dependentes, como idosos com limitações funcionais.

Anticoagulantes de ação direta

Nas últimas décadas surgiram os anticoagulantes de ação direta, conhecidos como DOACs (do inglês direct oral anticoagulants). Estas medicações atuam de forma diferente da varfarina no complexo processo da coagulação do sangue, o que os torna menos imprevisíveis quanto ao risco de perda de atividade ou intoxicação.

Um grande avanço na terapia anticoagulante

Pelo menos quatro drogas estão em uso atualmente – dabigatrana, rivaroxabana, apixabana e edoxabana. Representam um grande avanço no campo da terapia anticoagulante, pois não necessitam de ajuste de dose frequente, nem controle com exames laboratoriais rotineiros.

Qual o risco de ocorrerem sangramentos?

A terapia anticoagulante é bastante segura, desde que seja bem indicada e acompanhada adequadamente pelo médico.

Pessoas com risco de traumas, como idosos susceptíveis a quedas, devem ser orientadas quanto a cuidados como o uso correto de dispositivos de marcha e a mudança de posição corporal.

Além disso, sabemos que sangramentos que ameaçam a vida são ocorrências raras.

Os DOACs têm antídotos de ação rápida enquanto a varfarina pode ter seu efeito revertido por meio de transfusão de componentes do sangue e vitamina K.

A terapia anticoagulante é, sem dúvida, uma grande aliada no cuidado médico e deve ser realizada sempre sob supervisão especializada para que obtermos melhores resultados.
Caso tenha dúvidas é sempre bom consultar seu médico de confiança.

Sobre o autor:

Dr.Marcello
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Cardiologista e Emergencista do Corpo Clínico do Hospital Sírio-Libanês.
Pós - graduado em Geriatria pelo IEP – Hospital Sírio-Libanês. Gestor do Pronto Atendimento no Hospital Santa Cruz (2004 a 2009). Membro do comitê de ética do Hospital Sírio-Libanês (desde 2014).
Responsável técnico pela Clínica Barduco há 25 anos. Membro do Conselho Editorial da TREVOO (desde 2021).

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