Psicogerontologia, já ouviu falar?

Psicogerontologia, já ouviu falar?

Diante do crescimento da expectativa de vida da população idosa, a psicogerontologia ajuda o idoso a compreender e a se adaptar à nova realidade. Vem ao encontro de um dos grandes desafios da atualidade: o cuidado especializado dedicado à população longeva com foco nas mudanças que afetam sua vida física, social e emocional.

Infelizmente, na prática, nem todos vivem o futuro que idealizaram durante a vida inteira.  Muitos precisam lidar com a dura realidade de ver o corpo ganhando rugas rapidamente, a memória sendo colocada em xeque, as pernas já não conseguindo acompanhar os passos lentos, além de tantos lutos, perdas e coisas para ressignificar. Quantas mudanças!

Ajudar o idoso a compreender e a se adaptar à nova realidade de uma forma saudável e equilibrada é um dos pilares da Psicogerontologia que respeita, antes de tudo, o movimento de cada um.

O que é a Psicogerontologia

A Psicogerontologia é a junção dos conhecimentos produzidos pelas áreas da Psicologia e Gerontologia. Estuda os processos psíquicos do envelhecimento de forma interdisciplinar levando em conta, além da subjetividade, as demandas sociais, econômicas, históricas, políticas e as experiências vividas a fim de atender, cada vez melhor, essa grande demanda de envelhecimento.

Uma vida longa e sadia nem sempre garante qualidade e felicidade. Diante de uma sociedade que não está preparada para cuidar dos mais velhos é necessário discutir a individualidade do idoso, suas potencialidades, limitações e dificuldades.

A Psicogerontologia desempenha papel importante no fortalecimento de vínculos, principalmente familiares, buscando a possibilidade de preservar os sentimentos de pertencimento junto às pessoas que ele ama nesta rede de proteção.

Atuação do Psicogerontologista

Existe aumento considerável de idosos e é preciso apresentar alternativas e intervenções para dar um novo sentido à vida melhorando os relacionamentos e fortalecendo o trabalho de quem cuida dos idosos.

Além de viver mais é preciso viver melhor!

Assim, é fundamental planejar atividades em Psicogerontologia que ampare os idosos com dificuldades funcionais, cognitivas e emocionais com foco nos aspectos positivos do envelhecimento.

O psicólogo pode atuar, de forma autônoma ou integrada em uma equipe, assumindo ações de intervenções visando proteger a saúde mental do idoso ou grupo de idosos promovendo bem-estar, qualidade de vida, autonomia, envelhecimento ativo físico e intelectual, integração social, formação de vínculos afetivos, entre outros cuidados.

Exemplos de intervenções feitas por psicólogos que trabalham com idosos:

  • Acolhimento e orientação aos familiares e aos cuidadores, ressaltando a importância da autonomia do idoso; orientando sobre a importância da capacitação dos cuidadores; prevenindo possíveis estressores que possam levá-los à Síndrome de Burnout[1]
  • Apoio na formação de cuidadores, instituições ou serviços ligados aos idosos realizando palestras sobre o cuidado humanizado: valor do ser humano; relação de afeto, principais doenças acometidas nesta fase da vida; cuidados paliativos; finitude e luto. Viabilizar planos psicossociais ao idoso e seus cuidadores, favorecendo a reflexão sobre empoderamento, pertencimento, comportamentos, enfrentamento de dificuldades, entre outros fatores.
  • Oficinas em grupo ligadas a cognição, relacionamento e estimulação física
  • Discussão e implantação de ações de inclusão social do idoso em grupos de encontros com atividades diversas.

Por fim, a Psicogerontologia engloba um conjunto de estudos e técnicas que permitem compreender o processo de envelhecimento a fim de garantir práticas que proporcionem avanços na qualidade de vida, no bem-estar e na assistência às pessoas mais velhas.

Agora que você já sabe o que significa psiogerontologia   compartilhe esse artigo para esclarecer mais pessoas!

[1] A síndrome de Burnout é uma reação a um stress que, estendido por muito tempo, causa uma exaustão no trabalho.

Envelhecer. Questão de tempo e subjetividade

Envelhecer. Questão de tempo e subjetividade

Envelhecer, não estamos imunes ao tempo; ele afeta a todos, sem exceção. Será que estamos preparados para o envelhecimento?

Considerado um processo complexo e esperado, envelhecer é percebida e sentida de diferentes maneiras, levando em conta, além do contexto de vida, a diversidade de experiências individuais e sociais:

Quem, ao longo da vida, em algum momento, já pensou na velhice como um momento de descanso, férias, viagens, finais de semana com a casa cheia e mesa farta regada por risadas e muito amor?

Muitos imaginam que o envelhecer seria a melhor fase perto da família repleta de muito carinho, cuidado e proteção.

Geralmente, a família assume a responsabilidade de cuidar e dar apoio ao idoso. Algumas vezes, essa troca de papéis pode destruir a imagem idealizada que frequentemente os filhos mantiveram dos pais durante toda vida: a de que eles seriam eternamente cuidados por seus progenitores.

No entanto, uma espécie de “troca de papéis” pode ocorrer e, nem sempre, os filhos estão preparados para a missão de ser os cuidadores. Quando ocorrem falhas nesse cuidado dos filhos, podem surgir prejuízos e lacunas emocionais nos pais diante da ausência desse suporte necessário e esperado.

Velhice afetada

Muitos aspectos afetam a velhice e fazem com que o idoso não se sinta incluído. Aos poucos ele vê seu espaço social diminuir sem poder trabalhar, sem condição física para passear e, quase sempre, encarando momentos de solidão e abandono.

Para Goldfarb e Lopes (2009 p.12): “Os velhos são empurrados para as bordas da estrutura social, à perda de todo poder, até sobre si mesmos”.

Dessa forma, o idoso vai se acostumando com sua condição e, aos poucos, perdendo o prazer de viver. Gera uma fragilidade que necessita ser acompanhada, entendida e, principalmente, antecipada para que ele possa continuar tomando decisões sobre sua vida de forma independente e autônoma.

Quem nunca ouviu de um idoso: “o tempo de antigamente era melhor”!

 Diante de uma sociedade que valoriza os paradigmas da juventude e tem uma relação complicada com a maturidade – a velhice – não é difícil entender o fundo emocional dessa frase.

Antigamente o idoso era visto como sábio, procurado para dar conselhos, uma figura que sempre inspirou respeito e admiração. Atualmente a velhice é vista como improdutiva e decadente.

Será mesmo?

É essencial desmontar essa série de estereótipos que encobrem a vida das pessoas que tem sonhos, desejos, carências afetivas e sexuais. É fundamental incentivar o idoso a ressignificar os sentimentos negativos para que perceba ser possível florescer mesmo nessa fase; olhar para o futuro com otimismo e vislumbrar o que fazer com os vinte, trinta, quarenta anos, em média, que restam a serem vividos.

É necessário considerar a velhice em sua pluralidade de experiências individuais e sociais, pois muitos idosos descobrem que sua sobrevida depende de novas tarefas. Já, outros, desfazem os laços de seus contratos passados – e ainda há os que tentam, com sucesso, renegociá-los.

Referências pesquisadas:

GOLDFARB, D. C., Lopes R. G. C.. (2009). Definindo a psicogerontologia. In Psicogerontologia Fundamentos e Práticas. Curitiba: Juruá editora.