por Dra. Marcela Cibien Baratella | jun 28, 2022 | Idosos e Famílias
Na população geriátrica, a HA (Hipertensão arterial) é o principal fator de risco para doenças cardiovascular, mesmo nas idades mais avançadas:
- 65% dos idosos atendidos em consultório
- 80% das mulheres com mais de 75 anos de idade
Com o processo de envelhecimento natural, algumas substâncias, como resíduos de cálcio, vão se depositando nos vasos sanguíneos que ficam mais estreitos e endurecidos. Isso leva à uma diminuição da elasticidade arterial e consequente aumento da pressão arterial no seu interior.
As alterações levam à peculiaridades no diagnóstico e tratamento da HA no idoso. As artérias levam o sangue oxigenado e com nutrientes do coração para todas as células de todo o organismo. Esse movimento mais intenso pode exigir mais trabalho do coração, provocando modificações em suas estruturas e alterando a parede das artérias, deixando-as mais estreitas e contribuindo para a formação de depósitos de gorduras.
A avaliação clínica dos pacientes idosos e, especialmente, dos mais idosos difere da tradicional. O médico deve reconhecer que a consulta exigirá um tempo maior, devido a vários fatores:
- complexidade das múltiplas condições associadas
- lentidão física e cognitiva do paciente
- presença de familiares e cuidadores, com os quais o médico deverá discutir pontos inerentes às condições clínicas e tratamento proposto
O tratamento e o controle adequados da HA em idosos têm benefícios como redução de Acidente Vascular Encefálico e Infarto Agudo do Miocárdio, além da prevenção do declínio cognitivo.
Por outro lado, os níveis exatos de PA (pressão arterial) considerados para tratamento nos idosos, assim como metas, o tratamento têm sido foco de debates com divergências entre diferentes diretrizes. Todas, porém, consideram fundamental a avaliação individualizada. Convém ponderar condição funcional, cognição, grau de fragilidade, expectativas do paciente e tolerabilidade ao tratamento.
Para manter a PA sob controle, não basta tomar remédios e passar em consulta com o seu médico. É importante adotar atitudes e ter alguns cuidados para garantir a qualidade de vida na terceira idade.
As medidas de mudanças de estilo de vida (MEV) também são adotadas para idosos mais sensíveis à redução do sal, sendo mais eficaz nessa faixa etária.
Exercícios físicos são fundamentais para os idosos e devem ser orientados. Especialmente nos frágeis, a redução do peso sem exercício físico e do consumo adequado de proteínas pode reduzir a massa muscular e piorar a funcionalidade.
O tabagismo e o consumo inadequado de álcool
Na indicação de MEV, o médico deve levar em consideração a presença e o grau de fragilidade, a capacidade funcional e demais aspectos clínicos e sociais do paciente. O acompanhamento por equipe multidisciplinar e o envolvimento de familiares/cuidadores são ainda mais importantes nos pacientes idosos.
por Dra. Marcela Cibien Baratella | maio 5, 2021 | Idosos e Famílias
O novo Coronavírus é uma família de vírus conhecida desde 1960. Sofreu mutação genética e acabou se transformando em algo que ainda não havia sido identificado em humanos.
Transmitido pelo ar e pelo contato próximo com pessoas infectadas, a COVID-19 pode ter sintomas semelhantes ao resfriado, evoluindo para casos graves de insuficiência respiratória aguda.
Inicialmente a COVID-19 foi entendida como uma doença pulmonar. Logo ficou claro, porém, se tratar de uma doença que pode atacar praticamente todos os órgãos e funções do corpo e o coração é um dos órgãos que pode ser afetado pelo vírus.
O vírus pode causar diversos problemas no coração como miocardite (inflamação no músculo cardíaco) causar arritmias cardíacas ou piorar o quadro de pacientes que já tenham esse diagnóstico.
Além disso, pacientes cardiopatas (com problemas no coração) tem mais riscos de complicações e agravamento do quadro clínico, infelizmente, com mais chances de falecimento.
Descritas logo no início da pandemia, as complicações cardiológicas eram consideradas exclusivas dos casos mais graves, dos pacientes com insuficiência respiratória internados nas UTIs (Unidade de Terapia Intensiva).
Essa impressão mudou quando surgiram descrições de mortes súbitas e de arritmias cardíacas em jovens que tiveram COVID-19 assintomática ou com sintomas leves.
Como atua o Coronavírus
Para penetrar as células, o atual Coronavírus utiliza um receptor que existe na membrana celular, presente em diversos órgãos, dentre eles, o músculo do coração, que atinge concentrações elevadas.
Em autópsias, o RNA do vírus é encontrado no fígado, rins, sistema nervoso e, em altas concentrações, nos pulmões e no coração:
- Numa série de 22 autópsias, o RNA viral foi detectado no músculo cardíaco em 16 casos
- Em outra, com 39 casos, 31% dos corações continham o RNA do vírus
O coronavírus lesiona as células do músculo do coração por mecanismos diretos e indiretos. Ao infectar o músculo do coração por ação direta, provoca a morte da célula (necrose celular), levando à desorganização da maquinaria que coordena a contratilidade do músculo.
Por mecanismo indireto, a resposta do sistema imunológico armada para destruir o agressor dispara um processo pró-inflamatório envolvendo glóbulos brancos e plaquetas, com liberação de citocinas (proteínas que causam inflamação). Dessa forma, montada com a melhor das intenções, a resposta imunológica se volta contra o hospedeiro, aumentando a propensão para formar coágulos, que poderão obstruir capilares e os grandes vasos, fenômeno que explica os Infartos Agudos do Miocárdio e Acidente Vascular Cerebral (AVCs) nos mais velhos, mas também em jovens.
Então fique atento aos principais sintomas do comprometimento cardíaco:
- fadiga
- falta de ar aos esforços
- alterações do ritmo das pulsações e dor no peito, que simula infarto
Se perceber algum desses sintomas procure o hospital próximo a você!