Acompanhamento médico em tempos de pandemia: risco ou cuidado necessário?

Acompanhamento médico em tempos de pandemia: risco ou cuidado necessário?

Qual é o custo de negligenciar o acompanhamento médico de condições crônicas por medo da pandemia?

Sr. Luiz Paulo, que completará 74 anos em 3 semanas, vem sentindo que algo não está como antes. Talvez os remédios que usa para o controle de seu diabetes e da pressão alta não estejam fazendo efeito como antes. Mas, como consultar o médico que o acompanha há mais de 5 anos, em meio à pandemia? Poderá contrair Covid-19 em uma de consulta de rotina?

Esta dúvida vem torturando Sr. Luiz Paulo há meses. Infelizmente, ele apresentou um mal súbito que o forçou a procurar o Pronto Socorro e acabou descobrindo que sua função renal estava comprometida, além de uma intoxicação pelos medicamentos que usava. Necessitou de internação em UTI e diálise. Causou muita preocupação em seus familiares até que se recuperasse.

Esta é uma de muitas histórias que vemos no dia a dia de serviços de emergência desde o início da pandemia.

As pessoas, por medo de se exporem à contaminação, deixam de fazer acompanhamento médico, agravando situações que poderiam ser corrigidas com ajustes simples no tratamento de suas doenças crônicas.

Para exemplificar a dimensão deste problema, o número de “Mortes Súbitas” (aquelas em que não há tempo de receber atendimento emergencial levando o paciente ao óbito) em domicílio aumentou, pelo menos, 3 vezes na pandemia.

O tempo tem nos ensinado muito sobre acompanhamento médico durante este período

É importante esclarecer que não é certo deixar de acompanhar doenças crônicas, assim como deixar de reconhecer sintomas diferentes que podem representar risco potencial para o seu agravamento.

Neste momento em que temos a maior parte dos idosos passando pelo processo de vacinação contra a Covid-19, precisamos rever alguns cuidados importantes para evitar a contaminação.

À ideia do “Fique em Casa” deve ser acrescentada da frase:
“Se Puder e Desde que Não o Prejudique”.

O cuidado diário com a saúde deve ser priorizado. Com isso evitamos a deterioração da qualidade de vida e a redução da sobrevida de cada indivíduo.

Acompanhamento médico: 7 doenças importantes que não devem ter seu tratamento interrompido

  • – Diabetes mellitus
  • – Hipertensão Arterial
  • – Doenças pulmonares – bronquite, asma, câncer de pulmão
  • – Doenças cardíacas – insuficiência cardíaca, arritmias, doenças das coronárias e das válvulas cardíacas
  • – Doenças neurológicas – Alzheimer, AVC, Parkinson, epilepsias
  • – Doenças oncológicas (câncer) em geral
  • – Doenças Renais – Insuficiência renal

Existe luz no fim do túnel!

Recentemente autorizada pelo Conselho Federal de Medicina – CFM, a Telemedicina pode ser uma boa saída para essa questão. Por meio de uma consulta online, pelo computador ou celular, médicos que já conhecem e seguem seus pacientes podem avaliar queixas, rever medicações em uso, solicitar e avaliar exames laboratoriais e, deste modo, determinar ajustes no tratamento. Com esse recurso tecnológico, ocorrências semelhantes à do Sr. Luiz Paulo podem ser reduzidas.

Uma modalidade não exclui a outra! As consultas presenciais são possíveis e desejáveis, desde que feitas com os cuidados já amplamente difundidos – uso de máscaras, higiene das mãos e distanciamento. O mesmo vale para os grupos de pessoas vacinadas, tanto pacientes quanto profissionais da saúde.

Ao sair de casa para se consultar ou fazer exames, certifique-se e exija que sejam tomados cuidados adequados na higiene, circulação do ar e disponibilização de máscaras e álcool nos consultórios e clínicas onde será atendido. Estas ações são muito efetivas para você manter a saúde.

Sabendo de tudo isso, seja racional quando considerar o risco de perda de controle de suas doenças crônicas versus o medo da contaminação pela COVID-19… certamente quem sairá ganhando será você!

Anticoagulantes e seus efeitos colaterais

Anticoagulantes e seus efeitos colaterais

Anticoagulantes e outras drogas muito utilizadas em cardiologia e neurologia costumam causar certa preocupação devido aos seus possíveis efeitos colaterais.

Os anticoagulantes são drogas que têm como efeito reduzir a formação de coágulos sanguíneos.

Essa ação é extremamente desejada para tratamento e prevenção de diversas doenças cardiológicas como arritmias e problemas das válvulas, por exemplo; além de neurológicas como a prevenção de AVC) – acidente vascular cerebral.

Ao mesmo tempo em que reduzimos a tendência de formação de coágulos, típicos dessas situações, aumentamos o risco de sangramento exagerado em eventuais traumatismos, quedas e ferimentos, entre outros.

Mas, afinal, é seguro usarmos essas drogas?

Conhecemos anticoagulantes há muitas décadas e, até recentemente, a varfarina foi a droga mais utilizada. Seu efeito depende da dose ingerida, sua potência varia individualmente e pode sofrer influência de alimentos e outros medicamentos.

Esse fato sempre representou uma dificuldade no seu manejo, porque variações de doses ou hábitos alimentares acarretavam a perda do efeito ou risco de sangramento. O ajuste das doses depende de realização de exames laboratoriais frequentes o que, em muitas ocasiões, pode inviabilizar seu controle, principalmente em grupos mais dependentes, como idosos com limitações funcionais.

Anticoagulantes de ação direta

Nas últimas décadas surgiram os anticoagulantes de ação direta, conhecidos como DOACs (do inglês direct oral anticoagulants). Estas medicações atuam de forma diferente da varfarina no complexo processo da coagulação do sangue, o que os torna menos imprevisíveis quanto ao risco de perda de atividade ou intoxicação.

Um grande avanço na terapia anticoagulante

Pelo menos quatro drogas estão em uso atualmente – dabigatrana, rivaroxabana, apixabana e edoxabana. Representam um grande avanço no campo da terapia anticoagulante, pois não necessitam de ajuste de dose frequente, nem controle com exames laboratoriais rotineiros.

Qual o risco de ocorrerem sangramentos?

A terapia anticoagulante é bastante segura, desde que seja bem indicada e acompanhada adequadamente pelo médico.

Pessoas com risco de traumas, como idosos susceptíveis a quedas, devem ser orientadas quanto a cuidados como o uso correto de dispositivos de marcha e a mudança de posição corporal.

Além disso, sabemos que sangramentos que ameaçam a vida são ocorrências raras.

Os DOACs têm antídotos de ação rápida enquanto a varfarina pode ter seu efeito revertido por meio de transfusão de componentes do sangue e vitamina K.

A terapia anticoagulante é, sem dúvida, uma grande aliada no cuidado médico e deve ser realizada sempre sob supervisão especializada para que obtermos melhores resultados.
Caso tenha dúvidas é sempre bom consultar seu médico de confiança.

Dor no peito, quando surgir fique atento!

Dor no peito, quando surgir fique atento!

Sintoma comum em muitas doenças graves, a dor no peito sempre causa preocupação. Coração, pulmões, trato digestivo e caixa torácica podem ser origem de dor torácica.

Certamente, dependendo da causa, podem significar ameaça à vida com taxa de mortalidade torno dos 5%. As doenças do coração são as primeiras a serem lembradas quando sentimos desconforto no peito:

– Será que é infarto?

A caracterização da dor no peito é muito importante, pois indicará o grau de gravidade, dependendo de alguns aspectos:

  • intensidade
  • duração
  • sintomas associados
  • desencadeamento – o que deu início ao quadro
  • irradiação
  • entre outros

É importante que seja avaliada em conjunto às demais doenças associadas e hábitos como a hipertensão arterial, o diabetes mellitus, as alterações do colesterol e o tabagismo. O fato de outras pessoas da família já terem apresentado problemas cardíacos no passado também deve ser considerado.

A origem da dor

Mesmo quando o coração é responsável pelo quadro, existem diferentes afecções, com diferentes manifestações, que originam a dor.

A característica mais comum daquela associada à origem isquêmica (que leva ao infarto) é a sensação de aperto ou opressão, difusa, de forte intensidade, que pode irradiar para a região do estômago, costas, ambos braços e mandíbula, associada à falta de ar, sudorese, náuseas, palidez cutânea. `

Sua duração pode definir o diagnóstico de angina (curta duração) ou infarto do miocárdio (mais prolongado) que poderá ser desencadeada por esforços e costuma piorar nestas condições. É importante que estes quadros sejam avaliados imediatamente em serviços de emergência.

O problema é que nem sempre as características são tão marcantes.

Nem sempre o quadro se apresenta de forma clássica…

Em pessoas com problemas neurológicos (demências, AVC) a caracterização pode ser inadequada. O diabetes e até mesmo a idade avançada influenciam a percepção de dor – terminações nervosas menos sensíveis e alterações da coluna atrapalham a percepção clara do que está acontecendo.

Nestas situações a intensidade pode ser bem menor e a manifestação, atípica, chegando mesmo a surgir como leve desconforto. Os sintomas associados devem ser mais valorizados para o diagnóstico adequado.

Outras causas da dor torácica

Uma das causas de dor torácica originada no coração são as mio pericardites – inflamação do coração e da membrana que o envolve (o pericárdio). Este quadro pode ocorrer por infecção viral (até mesmo pelo coronavírus) ou por outras doenças inflamatórias (lúpus eritematoso, por exemplo). Tem como características a dor mais contínua, que varia com a posição do corpo, pode ser associada à febre e, eventualmente, à tosse.

O diagnóstico das mio pericardites e tratamento adequados são fundamentais para evitar sequelas.

A dor torácica é também uma característica das mais frequentes em outras afecções graves que merecem atenção, mas que não envolvem o coração diretamente – embolia pulmonar, pneumotórax e aneurismas de aorta devem sempre ser lembrados – assunto para outra publicação!

Dores no peito devem sempre ser valorizadas e avaliadas por um médico – de preferência que já conheça o paciente e sua história – para ser conduzida adequadamente.