Enriquecimento do cotidiano de idosos
Falar de envelhecimento ativo e saudável já faz parte dos temas tão abordados e necessários sobre saúde. Afinal com o advento da longevidade temos a constatação de que esta fase da vida é resultado das escolhas feitas ao longo de todas as fases que a antecederam. Mas nunca é tarde para se pensar em qualidade e propósito de vida, ou seja, no enriquecimento do cotidiano.
Há de se considerar as mudanças biológicas naturais dessa fase para procurar um cotidiano compatível com as possibilidades e potencialidades do idoso. Assim não fica a marca de perdas e rupturas, mas de reconstrução.
A geração dos cabelos prateados tem buscado sua valorização e participação ativa em diferentes lugares da sociedade. Começando dentro de casa.
Diante de dificuldades e limitações, é comum a abrupta restrição de circulação e participação social, quebra de compromissos, e empobrecimento de repertório sócio-ocupacional o que gera impacto direto em aspectos motores, cognitivos e emocionais.
Por isso, é muito importante que pessoas próximas a estes idosos o ajudem a fortalecer sua rede de suporte para enfrentamento destas dificuldades, conciliando estímulos à qualidade e propósito de vida.
Pensando nisso, pela prática com pacientes e meus próprios familiares, separei algumas dicas bem coringas:
1) Elabore uma rotina variada: monte uma programação com dias e horários determinados. Organize momentos para acordar, comer e dormir, aproveitando ao máximo a luz natural. Isso ajudará em aspectos cognitivos e metabólicos.
Dentre as atividades que executará, deixe bem marcado o tema de cada dia, por exemplo: leituras de 3a e 5a, artesanato de 2a e 4a, jardinagem de 6a feira, culinária e filmes de finais de semana. Assim, é possível enriquecer os dias, garantindo variedade e desafios.
2) Valorização biográfica: o idoso precisa que seja valorizada sua história de
Vida, com enaltecimento de conquistas, sabedorias e desafios superados. Rever fotos, montar álbuns temáticos com legendas e uma linha do tempo, ser consultado para receitas e orientações, promover a intergeracionalidade etc. são algumas dicas.
3) Desafios. Procure elementos que tragam a oportunidade do idoso sair da zona de conforto, gerar aprendizagem e desafios. Por exemplo, introduzir o uso de tecnologia para se comunicar com a família, jogos e etc.
4) Atribua responsabilidades ao idoso. Torne-o protagonista do seu cotidiano, com a participação nas tomadas de decisões e eleja as tarefas que serão de sua responsabilidade. Mesmo em casos de demência ou algum outro tipo de comprometimento funcional, vale estar atento às possibilidades dele fazer algo que agrega à rotina de todos.
5) Autonomia. Estimule o máximo de autonomia possível. Por exemplo, se gostava de cozinhar e está com alguma limitação física, deixe com ele função de montar o cardápio do dia, ou fazer pequenas tarefas como separar o feijão ou lavar a verdura. Na medida do possível, mesmo que de forma supervisionada ou parcial, deixe o idoso responsável por escovar seus cabelos, escolher a roupa que usará ou manusear os talheres nas refeições. Além de ser um bom exercício de autocuidado é um meio de estimular a motricidade, a cognição, ajudar na autoestima e será uma forma de respeito e dignidade. A orientação de um profissional Terapeuta Ocupacional pode auxiliar nesta busca de potencialidades.
6) Cultura. Combinem filmes, revistas, jornais e livros que irão ver na semana.
Marquem um dia para debater e trocar impressões.
7) Músicas. São sempre boas pedidas. Além de enriquecer o ambiente, podem trazer boas memórias, serem usadas para relaxamento e motivação.
8) Ambiente. Ficar atento a possíveis obstáculos que possam limitar a funcionalidade do idoso, como móveis, prateleiras, degraus e tapetes. Privilegie ambientes claros, limpos, afetivos e acalentadores.
9) Desconfie se o idoso passar a ficar mais calado, entristecido ou irritado. Isso pode impactar na funcionalidade e nas relações interpessoais. Alterações de humor devem ser monitoradas e tratadas, quando necessário.
10) Cognição. Em casos de idosos que apresentam rebaixamento de funções cognitivas, como atenção, memória e raciocínio, é indicada uma avaliação profissional para mapear os déficits e indicar a necessidade de Reabilitação
Cognitiva. Porém, vale lembrar que manter o cérebro ativo ao longo da vida, exercitando diferentes habilidades, é importante para se ter uma boa reserva cognitiva na velhice e serve também como prevenção de declínios.
Sempre há alternativas para serem experimentadas! Sempre há vida!
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