A autonomia e a independência/dependência estão presentes em todo ciclo vital. Seu reconhecimento, valor e manifestação seguem o contexto e a cultura. Apesar de muitas vezes serem tratadas como sinônimo, na prática, seus significados tem um impacto diferente sobre a saúde física, mental e a qualidade de vida, especialmente dos idosos.
Autonomia diz respeito ao exercício de autogoverno, ou seja, a capacidade de tomar decisões por si, de gerir a própria vida, de planejar objetivos, o que inclui o senso pessoal de independência, a liberdade individual, a livre escolha, e é guiada pela identidade e por sentimentos e necessidades próprias. Relaciona-se, portanto, com a capacidade cognitiva.
Independência, por sua vez, está relacionada à capacidade funcional e física, ou seja, significa conseguir dar conta, sem nenhum auxílio e de maneira suficiente, das tarefas de autocuidado e das atividades instrumentais de vida diária (por exemplo, cuidar das próprias finanças, fazer deslocamentos para locais distantes usando algum transporte, usar o telefone, fazer compras, cuidar da casa, preparar as próprias refeições, tomar as medicações nos horários corretos).
A incapacidade de uma pessoa funcionar satisfatoriamente sozinha configura algum nível de dependência, que pode estar relacionado às limitações cognitivas, físicas e funcionais ou pela combinação de ambas e, ainda, se somar com a ausência ou escassez de apoios ambientais, sociais e familiares, e de outros recursos. Cabe destacar que uma condição não exclui a outra e que, muitas vezes, podem ser concorrentes, estando interrelacionadas. Dessa forma, o idoso pode ser autônomo e independente, ou ter preservada apenas uma dessas capacidades.
É necessário considerar que, na velhice, a autonomia e a independência/dependência caracterizam um fenômeno multifatorial. Isso, porque, uma série de aspectos estão entrelaçados nos âmbitos da saúde, social, ambiental, financeiro, emocional e cultural.
Importa ressaltar que no contexto do cuidado é comum observar-se o reforço e estímulo à dependência, com reflexos negativos ao dia-a-dia dos idosos. Há uma tendência de fazer pelo idoso, que deriva do entendimento que a família e/ou cuidadores formais tem da velhice como sinônimo de doença ou da ideia de que a dependência é inerente a essa fase da vida, que se confunde com o zelo e cuidado.
A preservação e o estímulo à autonomia e independência não só na velhice, mas em todas as outras fases da vida, são fundamentais para a manutenção do senso de controle do ambiente e sobre a própria vida, e refletem no bem-estar, no senso de pertencimento e na participação dos idosos nos locais em que vivem.
O trabalho de assessoria da TREVOO às famílias e aos idosos que buscam por residenciais inclui uma avaliação preliminar do perfil do idoso, e busca apurar se ele é autônomo e se é independente, antes de realizar as recomendações. Com base no perfil, expectativas e necessidades de cada um além do conhecimento das casas e sua atuação, a TREVOO procura fazer as indicações mais adequadas, com o intuito de ser a mais assertiva possível para a escolha final da família e do idoso.

Sobre o autor:

Priscila Pascarelli Pedrico do Nascimento
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Bacharel em Gerontologia pela Escola de Artes, Ciências e Humanidades da Universidade de São Paulo. Mestre e Doutoranda em Gerontologia pela Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual de Campinas. Professora colaboradora do curso de especialização em Gerontologia e Geriatria da PUC Campinas. Assessora familiar na TREVOO e colunista do Portal TREVOO.

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