Por que fazer uma Casa confortável e segura?
Vou contar uma história que tem tudo a ver com o momento atual que estamos vivendo…
O conceito de velhice, de terceira idade e a visão que temos a respeito da pessoa idosa tem mudado radicalmente nos últimos anos.
Os números do IBGE são impressionantes e mostram que o Brasil tem, hoje, mais de 23 milhões de pessoas com mais de 60 anos e que mais de 4 milhões de pessoas idosas moram sozinhas em seus lares!
Não vivem sós por estarem abandonadas por seus familiares, mas porque assim o desejam. Querem ter a liberdade que construíram e almejaram ao longo da vida.
E vem cá! Você sabe dizer o que a pessoa idosa mais deseja ao envelhecer?
Em minhas pesquisas recentes sobre envelhecimento saudável, descobri que elas desejam continuar sendo úteis e ter significado, ou seja, viver com propósito!
Incrível isso, não?
Mulheres querem liberdade e homens querem aconchego.
O caminho para o envelhecimento saudável é continuar tendo planos e projetos de vida. Isso acontece, principalmente, para homens e mulheres que têm planos de vida.
Casa confortável e segura para Atividades da Vida Diária (AVD)
E, na minha opinião e nos meus estudos, esses planos de vida maravilhosos que as pessoas nutrem na terceira idade estão diretamente associados ao que a área da gerontologia define por capacidade de continuar fazendo suas atividades da vida diária, ou “AVD” – tarefas básicas de autocuidado, parecidas com as habilidades que aprendemos na infância como, por exemplo, tomar banho, vestir-se e alimentar-se.
E certamente você já entendeu aonde eu quero chegar, não é mesmo?!
Sabemos que os planos e as metas nutridas pelas pessoas idosas só podem ser realizados se elas estiverem em condições de autonomia e independência para fazerem suas atividades básicas da vida. Veja, como poderão nutrir um plano para a velhice se caírem de uma escada por falta de corrimãos, quebrarem pernas e só conseguirem andar com a ajuda de um andador?
Se durante a nossa vida, após os 60, 65, 70 anos, sofrermos um acidente, por exemplo, quebramos uma perna devido a um escorregão no banheiro, poderá haver uma grande consequência em nosso envelhecimento saudável e, em nossa independência.
A recuperação de acidentes na velhice é muito demorada
Inclusive, durante a recuperação de graves acidentes, podem acontecer novos acidentes ou feridas. Por exemplo, ao ficarmos imobilizados por muito tempo podem surgir feridas, chamadas escaras, que são muito difíceis de serem curadas.
E sabe quem poderia nos ajudar?
Arquitetos, engenheiros, designers e filhos de pessoas idosas, pois ao garantirem que suas casas estejam confortáveis e, principalmente, seguras evitarão acidentes garantindo a capacidade de seus moradores realizarem suas atividades diárias, sem causar acidentes em casa. Assim, contribuirão para que alcancem seus planos e metas nesses anos maravilhosos de suas vidas.
Ressalto que não há como negar que, com o avançar da idade, o corpo vai ficando diferente (visão, audição, resistência, equilíbrio, força nos membros, enfim, o corpo não é mais jovem),mas isso não significa que estejamos determinados a ter um corpo inativo.
Por isso, fique atento às mudanças em suas condições físicas para o que conseguir o que todos desejam:
Viver mais, de forma mais ativa e com qualidade de vida.
Por isso que o trabalho de arquitetos, engenheiros e designers de interiores é tão importante. A preocupação de filhos de pais idosos é mais do que justa e deve sim ser levada em consideração.
5 dicas para uma casa confortável e segura
Lembre-se! A independência tem tudo a ver com melhorias nas casas e apartamentos que apresentaremos a seguir.
Listamos 5 informações úteis e, inclusive, algumas que você poderá implantar, agora mesmo, em sua casa e na casa dos seus pais. Garantir segurança nas casas e apartamentos significa ganhar anos de vida e somar vidas aos anos. Significa fazer um projeto que permita independência, com riscos minimizados no caso de possíveis quedas ou acidentes. Afinal, garantir segurança significa escolher produtos que contribuam para maior autonomia ao longo dos anos.
Vamos lá!
1. BOA ILUMINAÇÃO
Mas, afinal, o que é significa iluminação ruim?
É quando a iluminação é tão fraca que dificulta a pessoa identificar, por exemplo, a cor do remédio, fazer a leitura de um rótulo, escolher a cor de uma maquiagem, enxergar um objeto caído no chão ou os utensílios na bancada da pia.
E o que é uma iluminação boa?
Aquela que apresenta no mínimo 150 LUX de intensidade de luz medidos à 1 metro di chão.
Agora vou dar uma dica de ouro.
Vou ensinar você a medir a quantidade de intensidade de luz:
- Baixe um aplicativo chamado LUXÍMETRO no seu celular para medir a quantidade de LUX no ambiente
- Em cima do tampo da pia do banheiro e da cozinha, por exemplo, a quantidade mínima de LUX deverá ser de 150.
Essa referência foi extraída da norma técnica de acessibilidade NBR 9050 atestando que ambientes acessíveis, para serem utilizados por todas as pessoas, inclusive por pessoas com baixa visão, devem ter uma quantidade mínima de 150 lux.
2. PISO ANTIDERRAPANTE
O que é um piso que derrapa?
Bem, esse é fácil de explicar! Porcelanato liso! Brilhante!
Qual é o piso ideal para um banheiro?
É um piso com coeficiente de atrito maior que 0,4.
Esses pisos são considerados antiderrapantes pelas normas técnicas e podem evitar escorregões.
E onde colocar o piso antiderrapante?
No banheiro todo, porque o banheiro todo é considerado como uma área úmida e o risco não está apenas dentro do box.
3. BARRAS DE APOIO CONFORME SUA NECESSIDADE
Dentro da residência não precisamos aplicar a famosa e rigorosa NBR 9050 que vai especificar medidas e locais de instalação das barras.
Cada um pode instalar a barra onde quiser e onde achar que dará mais segurança, mas tenho algumas sugestões de locais para instalação:
- Uma barra em formato “L” ao lado da bacia sanitária, para ajudar a se sentar e se levantar
- Uma outra barra no interior do box do chuveiro, podendo ser na vertical ou na horizontal
- Uma barra na parede lateral da bancada da pia
4. ALAVANCAS
As pessoas idosas têm menos precisão, capacidade de torção dos punhos e força nos membros. E isso vale para o manuseio do registro das torneiras, do chuveiro, da maçaneta da porta e da torneira da pia. Por isso, no caso de registros e maçanetas no formato “bolinha”, será muito difícil ou até impossível utilizá-lo, pior ainda quando estão com as mãos ensaboadas.
A dica aqui é substituir por torneiras e maçanetas do tipo “alavanca”, que aliás são ótimas para todos, idosos, crianças e pessoas com alguma deficiência nas mãos.
5. SENSORES DE PRESENÇA E BALIZADORES
Você conhece a expressão “Disautonomia”?
É uma disfunção no sistema nervoso autônomo, responsável por controlar o nosso equilíbrio.
A pessoa com Disautonomia pode ter muita dificuldade de caminhar por ambientes escuros, com pouca luz, por exemplo quando saem da sala à noite, desligam a TV ou o tablet e vão até o quarto para dormir.
Instalar balizadores e sensores de presença nos corredores e na circulação pode evitar acidentes e ajudar na autonomia das pessoas dentro de suas casas.
Espero ter ajudado. Com essas informações você garantirá uma casa confortável, segura e, principalmente, estará ajudando pessoas idosas a alcançarem seus planos e suas metas em qualquer fase ou idade de suas vidas.
Obrigado, e até a próxima!
Sobre o autor:
Arquiteto Eduardo Ronchetti de Castro, é especialista em Acessibilidade. Já realizou mais de 570 Projetos de Acessibilidade, mais de 200 Laudos de Acessibilidade e 85 cursos de Acessibilidade, capacitando mais 3.580 profissionais por todo o Brasil. É arquiteto formado pela Universidade Mackenzie, especializado em Design de Interiores pelo Instituto Europeu Di Design e em administração de empresas pela Fundação Getúlio Vargas. Especializou-se em Acessibilidade e na realização de Projetos de acessibilidade de ambientes públicos e privados e integrou a Comissão de Acessibilidade de São Bernardo do Campo, atuando como revisor de obras particulares na Prefeitura Municipal de São Bernardo do Campo.