Envelhecer. Questão de tempo e subjetividade

Envelhecer. Questão de tempo e subjetividade

Envelhecer, não estamos imunes ao tempo; ele afeta a todos, sem exceção. Será que estamos preparados para o envelhecimento?

Considerado um processo complexo e esperado, envelhecer é percebida e sentida de diferentes maneiras, levando em conta, além do contexto de vida, a diversidade de experiências individuais e sociais:

Quem, ao longo da vida, em algum momento, já pensou na velhice como um momento de descanso, férias, viagens, finais de semana com a casa cheia e mesa farta regada por risadas e muito amor?

Muitos imaginam que o envelhecer seria a melhor fase perto da família repleta de muito carinho, cuidado e proteção.

Geralmente, a família assume a responsabilidade de cuidar e dar apoio ao idoso. Algumas vezes, essa troca de papéis pode destruir a imagem idealizada que frequentemente os filhos mantiveram dos pais durante toda vida: a de que eles seriam eternamente cuidados por seus progenitores.

No entanto, uma espécie de “troca de papéis” pode ocorrer e, nem sempre, os filhos estão preparados para a missão de ser os cuidadores. Quando ocorrem falhas nesse cuidado dos filhos, podem surgir prejuízos e lacunas emocionais nos pais diante da ausência desse suporte necessário e esperado.

Velhice afetada

Muitos aspectos afetam a velhice e fazem com que o idoso não se sinta incluído. Aos poucos ele vê seu espaço social diminuir sem poder trabalhar, sem condição física para passear e, quase sempre, encarando momentos de solidão e abandono.

Para Goldfarb e Lopes (2009 p.12): “Os velhos são empurrados para as bordas da estrutura social, à perda de todo poder, até sobre si mesmos”.

Dessa forma, o idoso vai se acostumando com sua condição e, aos poucos, perdendo o prazer de viver. Gera uma fragilidade que necessita ser acompanhada, entendida e, principalmente, antecipada para que ele possa continuar tomando decisões sobre sua vida de forma independente e autônoma.

Quem nunca ouviu de um idoso: “o tempo de antigamente era melhor”!

 Diante de uma sociedade que valoriza os paradigmas da juventude e tem uma relação complicada com a maturidade – a velhice – não é difícil entender o fundo emocional dessa frase.

Antigamente o idoso era visto como sábio, procurado para dar conselhos, uma figura que sempre inspirou respeito e admiração. Atualmente a velhice é vista como improdutiva e decadente.

Será mesmo?

É essencial desmontar essa série de estereótipos que encobrem a vida das pessoas que tem sonhos, desejos, carências afetivas e sexuais. É fundamental incentivar o idoso a ressignificar os sentimentos negativos para que perceba ser possível florescer mesmo nessa fase; olhar para o futuro com otimismo e vislumbrar o que fazer com os vinte, trinta, quarenta anos, em média, que restam a serem vividos.

É necessário considerar a velhice em sua pluralidade de experiências individuais e sociais, pois muitos idosos descobrem que sua sobrevida depende de novas tarefas. Já, outros, desfazem os laços de seus contratos passados – e ainda há os que tentam, com sucesso, renegociá-los.

Referências pesquisadas:

GOLDFARB, D. C., Lopes R. G. C.. (2009). Definindo a psicogerontologia. In Psicogerontologia Fundamentos e Práticas. Curitiba: Juruá editora.