Tele-estimulação cognitiva para idosos

Tele-estimulação cognitiva para idosos

Tele-estimulação cognitiva para idosos e sua importância na prevenção de declínio cognitivo

Com a chegada da pandemia de Covid-19 no Brasil, a telemedicina passou a ser regulamentada no país sob Ofício do Conselho Federal de Medicina (CFM) nº 1.756/2020 e a Portaria nº 476, de 20 de março de 2020. Nele o médico pode avaliar quando é realmente necessário realizar uma consulta presencial ou é possível fazer o acompanhamento virtual por meio da tele-estimulação cognitiva para idosos.

Dessa maneira, a efetuação de troca de receitas, acompanhamento de exames, sessões de terapia, entre outras situações, podem ser realizadas sem que o profissional e o paciente estejam no mesmo ambiente físico. Com isso, as teleconsultas tiveram um alcance muito maior durante o cenário pandêmico. Elas envolvem um conjunto de tecnologias utilizadas pelos profissionais: integrando, agilizando e facilitando a vida do paciente.

Nesse contexto, a pandemia trouxe a necessidade de repensarmos estratégias de avaliação e intervenções terapêuticas e desenvolvermos novas competências na área da saúde. A telereabilitação cognitiva, por exemplo, é uma metodologia que utiliza as tecnologias da informação e comunicação (TIC’s) como estratégia para estimular as capacidades cognitivas através da interação do indivíduo com sistemas computacionais.

 

A intervenção cognitiva à distância visa promover potencialidades humanas, com ênfase em problemas cognitivos, em especial, em idosos que estão em um quadro clínico de comprometimento cognitivo leve, estágios de demências e realizando tratamentos pós-sequelas da Covid-19.

 

Ao participar de atividades de estimulação cognitiva, mesmo de forma remota, o idoso pode atrasar o início da perda de memória, aumentar a plasticidade cerebral, obter um bom desempenho cognitivo e promover um bem-estar emocional. A prática constante de tarefas com jogos, leituras e músicas, por exemplo, pode fortalecer as capacidades de interação social, melhorar o humor, a disposição mental e física, além de interferir positivamente na qualidade de vida da pessoa idosa. (CARVALHAIS, 2019).

Em seu estudo Cacciante e colaboradores analisaram e sintetizaram evidências sobre a eficácia da telereabilitação em pacientes com doenças neurológicas (acidente vascular cerebral, lesão cerebral traumática, comprometimento cognitivo leve etc ), em comparação com a reabilitação face a face convencional. Concluíram que as melhorias no desempenho cognitivo obtidas pela telereabilitação são comparáveis àquelas alcançadas frente a frente, e apresenta ser mais eficiente na melhoria da memória operacional e funções executivas.

 

Veja algumas vantagens e desvantagens da tele-estimulação cognitiva para idosos:

 

Vantagens da tele-estimulação cognitiva para idosos:

 

  • Tempo de viagem abreviado;
  • Redução de custos e acesso a serviços, especialmente para a população carente e para pacientes com deficiências motoras que influenciam negativamente sua mobilidade e sua capacidade de chegar aos centros de reabilitação.

 

Desvantagens da tele-estimulação cognitiva para idosos:

 

  • As deficiências auditivas e visuais podem interferir em alguns aspectos da logística de telecomunicações, como qualidade ou clareza visual;
  • A ausência de domínios tecnológicos pode prejudicar ou impossibilitar a estimulação cognitiva no contexto remoto.

 

É relevante destacar o valor das intervenções de tele-estimulação cognitiva baseada na perspectiva ampla da Gerontologia e de outros profissionais. Eles partem da importância do bem-estar do idoso, ainda que em condições adaptadas, e levam em conta o incentivo das potencialidades de cada indivíduo o que torna real a possibilidade de manutenção e melhoria das capacidades cognitivas.

 

Referências bibliográficas

 

BERNARDES, M. S.; RAYMUNDO, T. M.; SANTANA, Carla da Silva. O uso das novas tecnologias na reabilitação cognitiva: uma revisão da literatura. Anais, 2014. Disponível em: https://www.canal6.com.br/cbeb/2014/artigos/cbeb2014_submission_343.pdf. Acesso em: 01 dez. 2021.

CACCIANTE, Luisa et al. Cognitive telerehabilitation in neurological patients: systematic review and meta‑analysis. NeurologicalSciences, p. 1-16, 2021. Disponível em https://link.springer.com/article/10.1007/s10072-021-05770-6. Acesso em: 02 dez. 2021.

CARVALHAIS, Maribel et al. Efeitos de um programa de estimulação cognitiva no funcionamento cognitivo de idosos institucionalizados. Revista de Investigação & Inovação em Saúde, v. 2, n. 2, p. 19-28, 2019. Disponível em: https://riis.essnortecvp.pt/index.php/RIIS/article/view/54. Acesso em: 02 dez. 2021.

Perda auditiva relacionada ao envelhecimento

Perda auditiva relacionada ao envelhecimento

Perda auditiva relacionada ao envelhecimento, também chamado de Presbiacusia, é uma doença degenerativa crônica complexa, uma das mais prevalentes em idosos e que afeta milhões de pessoas na Terra. Esta condição pode abranger as funções emocionais e sociais dos indivíduos e constitui em um grande desafio para a saúde pública.

 

Prevalência da perda auditiva

A prevalência da perda auditiva (presbiacusia) aumenta com a idade, uma característica comum de todas as doenças do envelhecimento. Os exames diagnósticos medem a sensibilidade auditiva a sons em diversas frequências e intensidades. Por exemplo, o som de um trovão possui frequência baixa (som grave), já aquele do raio é em uma frequência alta (som agudo).

A gravidade do problema é visualizada no gráfico do exame audiométrico, particularmente, relacionada à intensidade (volume) do som ouvido pelo paciente. Ao longo do envelhecimento, perde-se a capacidade de ouvir sons agudos e de baixa intensidade. A intensidade é medida em uma unidade chamada decibel. Pessoas sem comprometimento auditivo podem ouvir sons em baixos decibéis (até 25 dB), mas indivíduos que precisam de um volume maior, por exemplo, 35 dB, já apresentam comprometimento auditivo moderado. Essas pessoas encontram dificuldades em entender algumas conversas dependendo da distância que estão de quem fala. Indivíduos que apresentam comprometimento moderadamente severo só ouvem sons agudos em intensidade similar ao ruído produzido por um aspirador de pó. Pessoas com presbiacusia severa ouvem sons agudos em intensidade equivalente ao barulho produzido por uma motocicleta com escapamento que produz som fortemente agudo. Ou seja, um ruído ensurdecedor para um indivíduo sem presbiacusia.

 

Fatores de risco para perda auditiva

Entre os fatores de risco mais importantes destacam-se a exposição ao barulho, diabetes, tabagismo, histórico familiar, hipertensão arterial e uso de fármacos ototóxicos.

 

Exposição ao ruído favorece a perda auditiva

Exposição ao ruído de alta intensidade é o fator de risco mais comum. Audiometria que comparou pessoas que moram em grandes metrópoles com forte barulho de carros, trens, construção de prédios etc, com indivíduos que moram em cidades menores, onde há menos dessas fontes, mostrou que os indivíduos de cidades onde há menor ruído ouvem melhor e percebem sons em baixas intensidades (baixo volume).

 

Diabetes e Tabagismo são fatores para perda auditiva

O Diabetes e Tabagismo são fatores de risco para perda auditiva com o envelhecimento, porque afetam a saúde cardiovascular, mas essas condições podem ser controladas.

 

Histórico familiar

Há uma contribuição genética em alguns casos de presbiacusia. Identificaram-se centenas de genes que codificam para inúmeras proteínas celulares relacionadas à perda auditiva. A redução de função nessas proteínas é uma condição crônica que pode antecipar a presbiacusia em alguns indivíduos, mesmo nos que vivem em cidades de baixo nível de ruído e que não apresentam os demais fatores de risco.

 

Hipertensão arterial 

O comprometimento da função cardiovascular é fator de risco para a presbiacusia. A microvasculatura que compõe a porção sensorial da orelha, que permite a percepção sonora, é muito sensível ao aumento da pressão arterial e isso leva à perda progressiva da audição.

 

Medicamentos ototóxicos

Alguns medicamentos comprometem a função auditiva e seu uso crônico pode levar ao agravamento da presbiacusia. Por exemplo, antibióticos da classe dos aminoglicosídeos são ototóxicos; seu efeito danifica permanentemente a audição. Esses remédios são usados como a última opção para tratamento de infecções bacterianas e devem ser evitados.

 

O mecanismo Patológico

Fatores genéticos e diabetes podem levar à aterosclerose (acúmulo de colesterol nas artérias), comprometendo a função cardíaca. Tabagismo e aterosclerose reduzem a quantidade de oxigênio que é levada aos tecidos do corpo, uma condição denominada hipóxia. Ateroscerose também leva a um estado inflamatório crônico no indivíduo. Essa inflamação, juntamente com hipóxia e ruído excessivo são fatores que causam presbiacusia, porque juntos aumentam o estresse oxidativo das células. Substâncias ototóxicas como aminoglicosídeos também são capazes de gerar radicais livres nas células da cóclea, reduzindo sua sensibilidade aos sons. Ao longo do envelhecimento, o dano causado às células ciliares da cóclea acumula-se e a presbiacusia mostra-se mais pronunciada.

 

Prevenção para a perda auditiva

Controlar o diabetes e os níveis de colesterol plasmáticos diminuiria a inflamação e, adicionando-se o hábito de não fumar, reduziria a hipóxia que causa dano à cóclea. O estresse oxidativo causado pelos radicais livres pode ser reduzido com antioxidantes, presentes em diversos alimentos como brócolis, frutas cítricas (vitamina C),chá verde, uvas (resveratrol), tomates (licopeno) etc. A maioria dos compostos antioxidantes dos alimentos coloridos são solúveis em lipídeos e isso sugere oconsumo desses alimentos com alguma forma de lipídeo como azeite de oliva e queijos. Uma decisão mais cautelosa no uso de aminoglicosídeos para o tratamento de infecções bacterianas também poderia contribuir como forma de prevenção da presbiacusia.

 

Tratamento

O tratamento mais empregado para presbiacusia é amplificação do som, com uso de aparelhos auditivos adequados. Entretanto, a maiorias das pessoas que usam esses dispositivos relatam incômodo com relação à proximidade da fonte sonora. O aparelho não consegue adaptar-se a fontes sonoras que estão mais longe ou mais perto e isso causa desconforto que pode levar à baixa aderência a essa forma de tratamento. Portanto, é necessária uma longa adaptação dos pacientes com presbiacusia ao uso dos amplificadores sonoros.

 

Referências

Advances in understandingofpresbycusis. Tawfik KO, Klepper K, Saliba J, Friedman RA. J Neurosci Res. 2020 Sep;98(9):1685-1697. doi: 10.1002/jnr.24426. Epub 2019 Apr 4.

Presbycusis: An Update onCochlearMechanismsandTherapies. Wang J, Puel JL. J Clin Med. 2020 Jan 14;9(1):218. doi: 10.3390/jcm9010218.

Presbycusis. Gates GA, Mills JH. Lancet. 2005 Sep 24-30;366(9491):1111-20. doi: 10.1016/S0140-6736(05)67423-5.

Currentconcepts in age-relatedhearingloss: epidemiologyandmechanisticpathways. Yamasoba T, Lin FR, Someya S, Kashio A, Sakamoto T, Kondo K. Hear Res. 2013 Sep;303:30-8. doi: 10.1016/j.heares.2013.01.021. Epub 2013 Feb 16.

Hearingdeficits in theolderpatient: “I didn’tnoticeanything”. Pacala JT, Yueh B. JAMA. 2012 Mar 21;307(11):1185-94. doi: 10.1001/jama.2012.305.

Metaverso e saúde mental – Instrumentos disponíveis para todas as idades?

Metaverso e saúde mental – Instrumentos disponíveis para todas as idades?

O que você sabe sobre o metaverso?

 

O metaverso está crescendo em popularidade, como evidenciado pela presença de diferentes mundos virtuais. O metaverso equivale ao universo paralelo ao real, e é entendido como a evolução final da internet, uma espécie de realidade virtual em que qualquer interação desenvolvida neste “espaço” também pode impactar diretamente o mundo real.

Novas ideias para a criação de um Metaverso no setor de saúde mental foram criadas, como uma agência de serviços de aconselhamento psicológico que será desenvolvida e vendida por meio da realidade virtual (RV), que é um sistema imaginativo complexo que pode unir fantasia e realidade (Ifdil et al., 2022).

Esse aconselhamento seria parecido com o real, os professores participam de salas de aula virtuais como avatares (pessoas do metaverso) e ajudam os facilitadores e outros alunos a melhorar sua capacidade de lidar com diversas questões ou vivências, fazendo perguntas ou criando ideias que podem ser usadas em uma aula real (Ifdil et al., 2022).

O aconselhamento online está se tornando mais popular, a terapia de RV seria uma delas. O estudo de Slater et al. (2019) realizou um aconselhamento virtual de auto conversação com jovens (a pessoa real com seu avatar do metaverso) que resultou em melhorias no sofrimento e em suas respostas aos seus problemas pessoais.

O metaverso também pode ser aplicado na medicina, por exemplo, no espaço digital de diagnóstico e tratamento. Os pacientes podem compartilhar informações com os médicos durante o processo terapêutico para reduzir a resistência no processo de tratamento. Outra possibilidade é para pessoascom problemas de saúde mental e cognitiva. Esse recurso permite que os pacientes recebam tratamento em casa e tenham a própria privacidade preservada (Han& Oh, 2021). Essa opção seria relevante para os idosos que apresentam uma procura maior, por exemplo, em consultas de rotina, não sendo necessariamente preciso que haja locomoção até a clínica de atendimento.

A Realidade Aumentada (RA) é uma mistura do virtual com o real, por exemplo, o jogo Pokémon GO, que ganhou muitos usuários nos últimos anos no Brasil. Nesta ferramenta, o jogador pode usar a câmera do celular para encontrar e capturar o Pokémon na realidade.

O desenvolvimento de altas tecnologias, como RV, RA, jogos e metaverso destinados para idosos ainda é escasso. De acordo com Xi et al. (2022), a Realidade Aumentada causa esforço e demanda mental relativamente altos, ou seja, os designers devem considerar fatores como facilidade de uso, mobilidade e interatividade para reduzir o esforço necessário na conclusão de tarefas com RA. Além disso, precisamser mais receptivos aos graus de complexidade e riqueza de informações que podem levar a alta demanda mental, especialmente quando o aplicativo RA tem como alvo grupos específicos: os idosos, crianças, pacientes e deficientes. Outro ponto relatado pelos pesquisadores se refere às capacidades funcionais dos idosos, que podem ser prejudicadas pelo uso de fones de ouvido e controles (óculos e controle de mão), por exemplo. As características deste grupo pode impactar sua capacidade de utilização das ferramentas virtuais e a necessidade de desenvolvimento de produtos específicos é essencial para pessoas que não tenham tanta facilidade com equipamentos digitais.

Com a rápida evolução da tecnologia, o metaverso vai se tornar cada vez mais presente no mundo, na educação, na medicina, na interação social, na economia, na diversão e no entretenimento. Como ferramenta de inclusão, deve se preocupar em se adaptar a um número de pessoas que só cresce, que é o do 60+.

 

Referências

 

HAN, Yiqian; OH, Seokhee. Investigation and Research on the Negotiation Space of Mental and Mental Illness Based on Metaverse. In: 2021 International Conference on Information and Communication Technology Convergence (ICTC). IEEE, 2021. p. 673-677.

IFDIL, Ifdil et al. Virtual reality in Metaverse for future mental health-helping profession: an alternative solution to the mental health challenges of the COVID-19 pandemic. Journal of Public Health, 2022.

SLATER, Mel et al. An experimental study of a virtual reality counselling paradigm using embodied self-dialogue. Scientific reports, v. 9, n. 1, p. 1-13, 2019.

XI, Nannan et al. The challenges of entering the metaverse: An experiment on the effect of extended reality on workload. Information Systems Frontiers, p. 1-22, 2022.

A estimulação cognitiva e o envelhecimento saudável

A estimulação cognitiva e o envelhecimento saudável

A estimulação cognitiva como fator de proteção para o envelhecimento saudável e para idosos com comprometimento cognitivo leve (CCL)

A reserva cognitiva

Pessoas que investem em desafios intelectuais como leituras, jogos de raciocínio, exercícios de memória e possuem um estilo de vida saudável, teriam uma melhor reserva cognitiva. Isso resulta em menores prejuízos nas habilidades mentais em longo prazo. Com um conjunto maior de recursos cognitivos, as pessoas são capazes de achar estratégias compensatórias para possíveis dificuldades, otimizando o desempenho. Por isso, é importante o estímulo cognitivo, desde as fases iniciais até as mais avançadas da vida.

A reserva, que é popularmente conhecida como poupança cognitiva, é fruto de um investimento que acontece no decorrer da vida de um indivíduo. Em outras palavras, o cérebro se desenvolve de acordo com suas experiências pessoais; quanto mais complexas, maior o estímulo na formação de conexões neurais e menor o índice de desenvolver alguma demência.

A estimulação cognitiva como intervenção para idosos com comprometimento cognitivo leve (CCL) e doença de Alzheimer

A estimulação cognitiva por sua vez, é uma intervenção, que objetiva fornecer estímulos em sessões ou aulas, a partir de jogos de estratégias, exercícios para treinamento da atenção, da memória, da linguagem, atividades escritas, atividades com músicas – todas geram novas conexões neurais, deixam os neurônios mais integrados e mais rápidos, e resultam em um melhor desempenho em testes neuropsicológicos e psicotécnicos e, consequentemente, em uma sensação de melhor qualidade na realização das tarefas cotidianas. Essas atividades geram mecanismos chamados de compensatórios nas habilidades cognitivas, que motivam ganhos e otimizam o desempenho.

É muito importante fugir da rotina e usar estratégias que desafiem o cérebro, tendo um engajamento em atividades diversificadas. Cuidar da saúde do cérebro, com o aprendizado de novas informações, e com os desafios mentais como a neuróbica. Um músico, por exemplo, deve ler partituras diferentes das que está habituado; uma cozinheira, fazer sempre novos pratos; nas atividades escolares ou cognitivas escrever com a mão não dominante, no caso um canhoto, escrever, com a mão direita, e um destro escrever com a mão esquerda, colocarmos o relógio em mão diferente, mudarmos um caminho rotineiro.

A reserva cognitiva existe, para auxiliar em nossa sobrevivência nos deixando mais rápidos; para nos proteger contra o declínio das habilidades mentais relacionados à idade e na diminuição do risco de desenvolver Doença de Alzheimer.

Ou seja, quanto melhor for o estilo de vida do indivíduo, melhor será a sua reserva cognitiva. Em outras palavras, uma “poupança cognitiva”, que é acionada quando necessário para suprir algum déficit do funcionamento cerebral, ou um momento de proteção em relação às possíveis situações de risco para a saúde do cérebro.

Destaca-se, ainda a importância da estimulação cognitiva assim que são observados os primeiros déficits intelectuais, como no comprometimento cognitivo leve. Sabe-se que quanto antes iniciado o trabalho de estimulação mental melhores serão os resultados para as habilidades cognitivas com déficits e para aquelas ainda preservadas. O tratamento não farmacológico nunca deve ser realizado isoladamente. Profissionais na área de estimulação cognitiva precisam ser capacitados para atuar junto à população idosa, que é heterogênea e tem peculiaridades importantes, as quais devem ser levadas em consideração no momento da formulação do programa de estimulação cognitiva.

Este projeto exige paciência e dedicação que são compensadas pela melhora da qualidade de vida da pessoa com comprometimento cognitivo leve e ou com Doença de Alzheimer, que deixa de se sentir tão perdido. Ele pode amenizar (no caso dos pacientes com DA), ou mesmo recuperar habilidades cognitivas no caso dos indivíduos com CCL, a função que lhes parecia perdida.

Os tratamentos atuais da doença de Alzheimer são divididos em dois tipos, tratamentos farmacológicos e tratamentos não-farmacológicos.

Dentro do grupo dos tratamentos não-farmacológicos temos, por exemplo, a estimulação cognitiva, uma terapia que visa estimular as habilidades do indivíduo e fornecer pistas para que ele consiga orientar-se para a realidade, e resgatar as suas lembranças vividas, mantendo aptidões preservadas e estimulando as habilidades mentais prejudicadas.

Sugere-se a realização de atividades que reflitam em significados para os indivíduos diagnosticados com estes transtornos neurocognitivos. Então é sempre importante inserir exercícios que possam ser associados às preferências e aspectos culturais que o indivíduo apresentava antes da doença. Também é importante valorizar a sua história de vida mostrando fotografias de eventos marcantes para o paciente (casamento, aniversários, formatura, viagens realizadas entre outros); ouvindo músicas de seus artistas preferidos, ou apresentando imagens e nomes dos novos membros da família. São exemplos de atividades que irão resgatar a história de vida, gerando uma sensação de pertencimento e de orientação quanto a quem é enquanto indivíduo.

É importante destacar, que o diagnóstico de Comprometimento Cognitivo Leve ou da Doença de Alzheimer, não pode ser sinônimo de final da vida do indivíduo, ele continua sendo quem ele é, deve ser valorizado, porém está em um tratamento de saúde, e precisa ter a sua rotina preenchida com atividades que serão importantes, para mantê-lo o mais tempo possível estabilizado em relação ao quadro da doença, assim como amenizar a sobrecarga emocional e o estresse que os cuidadores vivenciam por causa da evolução da doença.

Fica aqui a dica, se você ainda não realiza atividades de estimulação cognitiva, aproveite estas informações e cuide-se, insira este novo hábito em seu estilo de vida para envelhecer com saúde. Afinal, um cérebro cuidado é um cérebro protegido de doenças neurodegenerativas e de doenças cerebrovasculares.

Comprometimento cognitivo leve do idoso

Comprometimento cognitivo leve do idoso

Discutindo uma nova configuração de perfil cognitivo no envelhecimento

O idoso tende a se queixar mais sobre problemas e dificuldades de memória. Porém, uma grande parte destes idosos apresenta desempenho normal ou dentro do esperado em testes de memória e em outros domínios cognitivos, sendo considerados como poliqueixosos subjetivos de memória (“subjective memory complainers”). Vários fatores estão relacionados às queixas subjetivas de dificuldade de memória, como sintomas depressivos leves, ansiedade, alterações sensoriais, necessidade de manter o mesmo nível de desempenho de quando mais jovem, doenças clínicas.

Atualmente, o termo “Comprometimento Cognitivo Leve” (CCL, do inglês Mild Cognitive Impairment) tem sido o mais usado na literatura para definir o estado de transição entre o envelhecimento normal e o envelhecimento patológico, atualmente denominado na medicina como fase pré-demência. Em sua formulação original, o conceito de CCL dava ênfase excessiva sobre os déficits de memória recente e menos sobre os outros domínios cognitivos. Hoje é sabido que um indivíduo com CCL pode ter prejuízo em qualquer domínio cognitivo que não necessariamente seja memória.

 

Um aspecto importante do conceito de CCL é a necessidade da ausência de prejuízo funcional em atividades de vida diária decorrentes das dificuldades e queixas de memória apresentadas pelo paciente.

 

As atividades básicas de vida diária (ABVDs) incluem aquelas com menor demanda cognitiva, de mais fácil execução e geralmente associadas à capacidade de autocuidado. Exemplos de ABVDs são se alimentar, se vestir, cuidar da higiene pessoal. Já as atividades instrumentais de vida diária (AIVDs) incluem as mais complexas e de maior demanda cognitiva. Exemplos são cozinhar, cuidar dos afazeres domésticos, fazer compras, cuidar de assuntos financeiros e administrar adequadamente sua medicação, etc. A evidência de que um idoso esteja apresentando dificuldades persistentes em realizar AIVDs e que estas sejam secundárias às suas queixas e dificuldades cognitivas pode ser um sinal inicial do surgimento de um quadro demencial.

 

Idosos diagnosticados como CCL apresentam um maior risco de desenvolver quadros demenciais, principalmente de desenvolver a doença de Alzheimer (DA).

 

Em geral, estes pacientes progridem para quadros demenciais em uma taxa de cerca de 10% ao ano. Porém, esta taxa de progressão é variável e depende de uma série de fatores como a idade do paciente (quanto mais idoso, maior o risco), o nível de escolaridade (quanto menor a escolaridade, menor o risco), a intensidade dos déficits cognitivos na avaliação inicial, dentre outros.

Indivíduos com CCL devem realizar um tratamento não farmacológico, como o treinamento de memória e/ou a estimulação cognitiva como fator preventivo ou de otimização das habilidades mentais; assim como devem realizar a prática de atividades físicas e ter um estilo de vida saudável, podendo assim estabilizar o quadro de comprometimento cognitivo ou retornar ao envelhecimento saudável.

Hipertensão Arterial no Idoso

Hipertensão Arterial no Idoso

Na população geriátrica, a HA (Hipertensão arterial) é o principal fator de risco para doenças cardiovascular, mesmo nas idades mais avançadas:

  • 65% dos idosos atendidos em consultório
  • 80% das mulheres com mais de 75 anos de idade

Com o processo de envelhecimento natural, algumas substâncias, como resíduos de cálcio, vão se depositando nos vasos sanguíneos que ficam mais estreitos e endurecidos. Isso leva à uma diminuição da elasticidade arterial e consequente aumento da pressão arterial no seu interior.

As alterações levam à peculiaridades no diagnóstico e tratamento da HA no idoso. As artérias levam o sangue oxigenado e com nutrientes do coração para todas as células de todo o organismo.  Esse movimento mais intenso pode exigir mais trabalho do coração, provocando modificações em suas estruturas e alterando a parede das artérias, deixando-as mais estreitas e contribuindo para a formação de depósitos de gorduras.

A avaliação clínica dos pacientes idosos e, especialmente, dos mais idosos difere da tradicional. O médico deve reconhecer que a consulta exigirá um tempo maior, devido a vários fatores:

  • complexidade das múltiplas condições associadas
  • lentidão física e cognitiva do paciente
  • presença de familiares e cuidadores, com os quais o médico deverá discutir pontos inerentes às condições clínicas e tratamento proposto

O tratamento e o controle adequados da HA em idosos têm benefícios como redução de Acidente Vascular Encefálico e Infarto Agudo do Miocárdio, além da prevenção do declínio cognitivo.

Por outro lado, os níveis exatos de PA (pressão arterial) considerados para tratamento nos idosos, assim como metas, o tratamento têm sido foco de debates com divergências entre diferentes diretrizes. Todas, porém, consideram fundamental a avaliação individualizada. Convém ponderar condição funcional, cognição, grau de fragilidade, expectativas do paciente e tolerabilidade ao tratamento.

 

Para manter a PA sob controle, não basta tomar remédios e passar em consulta com o seu médico. É importante adotar atitudes e ter alguns cuidados para garantir a qualidade de vida na terceira idade.

 

As medidas de mudanças de estilo de vida (MEV) também são adotadas para idosos mais sensíveis à redução do sal, sendo mais eficaz nessa faixa etária.

Exercícios físicos são fundamentais para os idosos e devem ser orientados. Especialmente nos frágeis, a redução do peso sem exercício físico e do consumo adequado de proteínas pode reduzir a massa muscular e piorar a funcionalidade.

 

O tabagismo e o consumo inadequado de álcool

Na indicação de MEV, o médico deve levar em consideração a presença e o grau de fragilidade, a capacidade funcional e demais aspectos clínicos e sociais do paciente. O acompanhamento por equipe multidisciplinar e o envolvimento de familiares/cuidadores são ainda mais importantes nos pacientes idosos.