O novo Coronavírus é uma família de vírus conhecida desde 1960. Sofreu mutação genética e acabou se transformando em algo que ainda não havia sido identificado em humanos.

Transmitido pelo ar e pelo contato próximo com pessoas infectadas, a COVID-19 pode ter sintomas semelhantes ao resfriado, evoluindo para casos graves de insuficiência respiratória aguda.

Inicialmente a COVID-19 foi entendida como uma doença pulmonar. Logo ficou claro, porém, se tratar de uma doença que pode atacar praticamente todos os órgãos e funções do corpo e o coração é um dos órgãos que pode ser afetado pelo vírus.

O vírus pode causar diversos problemas no coração como miocardite (inflamação no músculo cardíaco) causar arritmias cardíacas ou piorar o quadro de pacientes que já tenham esse diagnóstico.

Além disso, pacientes cardiopatas (com problemas no coração) tem mais riscos de complicações e agravamento do quadro clínico, infelizmente, com mais chances de falecimento.

Descritas logo no início da pandemia, as complicações cardiológicas eram consideradas exclusivas dos casos mais graves, dos pacientes com insuficiência respiratória internados nas UTIs (Unidade de Terapia Intensiva).

Essa impressão mudou quando surgiram descrições de mortes súbitas e de arritmias cardíacas em jovens que tiveram COVID-19 assintomática ou com sintomas leves.

 

Como atua o Coronavírus

Para penetrar as células, o atual Coronavírus utiliza um receptor que existe na membrana celular, presente em diversos órgãos, dentre eles, o músculo do coração, que atinge concentrações elevadas.

Em autópsias, o RNA do vírus é encontrado no fígado, rins, sistema nervoso e, em altas concentrações, nos pulmões e no coração:

  • Numa série de 22 autópsias, o RNA viral foi detectado no músculo cardíaco em 16 casos
  • Em outra, com 39 casos, 31% dos corações continham o RNA do vírus

O coronavírus lesiona as células do músculo do coração por mecanismos diretos e indiretos. Ao infectar o músculo do coração por ação direta, provoca a morte da célula (necrose celular), levando à desorganização da maquinaria que coordena a contratilidade do músculo.

Por mecanismo indireto, a resposta do sistema imunológico armada para destruir o agressor dispara um processo pró-inflamatório envolvendo glóbulos brancos e plaquetas, com liberação de citocinas (proteínas que causam inflamação). Dessa forma, montada com a melhor das intenções, a resposta imunológica se volta contra o hospedeiro, aumentando a propensão para formar coágulos, que poderão obstruir capilares e os grandes vasos, fenômeno que explica os Infartos Agudos do Miocárdio e Acidente Vascular Cerebral (AVCs) nos mais velhos, mas também em jovens.

Então fique atento aos principais sintomas do comprometimento cardíaco:

  1. fadiga
  2. falta de ar aos esforços
  3. alterações do ritmo das pulsações e dor no peito, que simula infarto

Se perceber algum desses sintomas procure o hospital próximo a você!

Sobre o autor:

Dra. Marcela Baratela
+ artigos

Cardiologista e emergencista do corpo clínico do Hospital Sírio-Libanês.

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