A pele é o órgão do corpo humano que mais interage com o mundo externo. É um “invólucro” resistente, que garante a integridade do nosso interior. Serve de barreira de proteção contra agressões físicas, como variações de temperatura, e químicas, como exposição a substâncias que poderiam causar danos e biológicas – germes dos mais diferentes tipos.
Por este motivo, pode sofrer alterações que se transformam em câncer. Temos basicamente dois tipos: os melanomas, neoplasias que se originam nas células de pigmentação da pele, chamadas melanócitos, que se comportam de maneira agressiva por enviarem facilmente metástase a outros órgãos. Apesar de estarem espalhados pela pele, os melanócitos se concentram em pintas, e devem ser acompanhadas. O outro tipo, mais comum, são cânceres mais frequentes e teoricamente menos agressivos. Este é o foco deste artigo.
O câncer de pele não melanoma é a doença que mais acomete o ser humano.
Desde 2016, a OMS (Organização Mundial da Saúde) decretou o início de uma epidemia de cânceres de pele não melanoma no planeta Terra.
Isso que dizer que o os tumores desse tipo já ultrapassam em incidência o câncer de próstata no homem e os de mama ou útero na mulher.
Entretanto, carecem campanhas governamentais na área da saúde nacional para orientar a nossa população sobre o perigo dessas lesões.
Felizmente, a grande maioria dos tumores cutâneos são totalmente curáveis se detectados a tempo. As mortes não são frequentes e a cura é garantida quando o diagnóstico é realizado nos estágios iniciais da doença.
Dentre os tumores malignos cutâneos destaca-se o CARCINOMA BASOCELULAR.
Este tipo de câncer cutâneo acomete com maior frequência pessoas com peles
claras que tomaram muito sol durante a vida sem a utilização de protetores solares. São, portanto, mais comuns nas áreas expostas ao sol como couro cabeludo, orelhas, face, região do colo, braços e pernas. Entretanto, podem surgir em qualquer área do corpo.
– Fique atento à feridas que não cicatrizam, sangram ou coçam.
Elas podem surgir como pequenas lesões elevadas, avermelhadas ou brilhantes. Esses danos podem evoluir para feridas que não cicatrizam formando pequenas úlceras com crostas que sangram facilmente. E os ferimentos, quando não tratados, podem crescer e se espalhar.
O sol é a maior causa para o aparecimento do carcinoma basocelular. E quando falamos em sol não é somente aquele das férias na praia ou campo ou quem frequenta piscinas. A absorção diária da radiação ultravioleta (UV) nos centros urbanos sem proteção adequada e os episódios de queimadura solar durante o decorrer da vida são responsáveis pelo surgimento deste tumor.
– Conheça as formas de se proteger e evitar o câncer de pele
O mais importante é se proteger do sol. Assim, utilize diariamente filtros solares. Eles devem ter, no mínimo, FPS 30. É recomendável que pessoas de pele mais clara utilizem filtros solares com maior FPS (fator de proteção solar).
Utilize roupas claras, que cubram os braços e pernas no verão e se necessário proteja o couro cabeludo com chapéus e bonés, principalmente as pessoas calvas.
Evite sair ou praticar atividades ao ar livre nos horários de maior incidência solar (10h às 16h).
Muitas pessoas acreditam que tomar sol pela manhã ajuda à formação de vitamina D. Isso é incorreto. A vitamina D só é formada pela pele quando exposta ao sol do meio dia e por pelo menos meia hora. Porém, fazendo isso aumenta enormemente a chance do aparecimento de um câncer de pele. E, por isso, nós dermatologistas não recomendamos esta prática.
O custo de produzir vitamina D pela pele com a chance do aparecimento de um câncer não justifica a exposição solar nestas condições. Aconselhamos que o paciente com deficiência de vitamina D tome a medicação na forma de gotas ou comprimidos comprados em farmácias.
Assim, medidas simples e pequenos cuidados que devem ser observados desde a infância até a idade mais avançada podem evitar este tipo de doença e manter sua pele muito mais saudável e jovem, pois, o fator que mais envelhece a pele é também a radiação ultravioleta.
Lembrando que estamos na campanha deste mês, DEZEMBRO LARANJA, para alertar e orientar a todos os brasileiros que viajarão nestas férias, a se protegerem do sol, evitando assim, futuros problemas de pele.
Sobre o autor:
Dermatologista formada pela Faculdade de Medicina da USP, residência em dermatologia no Hospital das Clinicas da mesma Universidade, membro titular da Sociedade Brasileira de Dermatologia, e da American Academy of Dermatology e colunista na página do Dr. Jairo Bouer na UOL.