Envelhecimento e Demência Vascular: os desafios de envelhecer com patologias

Dois fenômenos ocorreram no século XX, especialmente nos últimos 50 anos no Brasil: o aumento da longevidade e das doenças crônico-degenerativas. O mundo, portanto, vive uma situação inédita, com desafios para superar em relação à saúde cognitiva das pessoas idosas, como as síndromes demenciais. Nesse sentido, é válido salientar que a longevidade de um organismo é fruto da interação entre seu potencial genético e ambiental. Logo, cada indivíduo envelhece de forma heterogênea e por isso destacamos neste texto, uma das patologias mais frequentes na população: as demências, em especial, a Demência Vascular.

 

O que é a demência vascular?

As demências classificadas como não degenerativas ou reversíveis são decorrentes de acidentes vasculares, processos infecciosos, traumatismos, deficiências nutricionais, tumores etc. Por sua vez, a Demência Vascular corresponde a um número aproximado de 20% entre todos os tipos de demências. Ela ocorre devido a eventos isquêmicos ou hemorrágicos, conhecidos como derrame ou Acidente Vascular Cerebral (AVC) que provoca morte neuronal em local estratégico, provocando alterações cognitivas e motoras, podendo apresentar também quadros de depressão.

Paralelo a isso, contudo, esse tipo de demência é passível de prevenção, uma vez que está relacionada a fatores de risco cardiovasculares que podem ser controlados como níveis altos de colesterol, glicemia, tabagismo e hipertensão. Segundo dados do estudo de Engelhardt et al., (2011) e do DSM-V (Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais, 2014), a Demência Vascular atinge entre 15-20%, sendo em 2% da população de 65-70 anos de idade e em 20-40% acima de 80 anos. Além disso, a demência vascular também é mais comum em homens do que em mulheres.

 

Quais são os sintomas?

 Os sintomas mais comuns são déficit de memória recente, paralisia, incapacidade de realizar tarefas básicas do cotidiano, alterações do comportamento e humor, desequilíbrio físico. E podem ocorrer sintomas parecidos com Alzheimer.

 

Tratamentos e prevenções da demência vascular

Os tratamentos podem ser medicamentosos e não medicamentosos. Nesse cenário, medicamentos para controle de pressão arterial, diabetes, doenças cardíacas são úteis. Por vezes, são prescritos a aspirina e outros medicamentos para prevenir a formação de coágulos nos vasos sanguíneos pequenos. Os medicamentos também podem ser prescritos para aliviar a inquietação, depressão ou ajudar a pessoa a dormir melhor. Todavia, nada melhor do que mudar o estilo de vida para prevenir o surgimento do quadro de demência. Para tanto, efetuar uma dieta saudável, praticar exercícios físicos e evitar o tabagismo e o consumo excessivo de álcool podem diminuir o risco de futuros infartos.

Torna-se evidente, portanto, que para manter uma mente e cognição saudáveis, recomenda-se a prática de exercícios que estimulem as funções cognitivas, assim como atividades intelectuais e de interação social, para a promoção da melhora do humor e da qualidade de vida geral das pessoas idosas. idosas.

 

Referências consultadas:

 DSM-V – AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION. Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais – DSM-V. Traduzido por Maria Inês Côrrea Nascimento. 5º ed. Artmed. 2014.

 ENGELHARDT, Eliasz et al. Demência vascular. Critérios diagnósticos e exames complementares. Dementia & Neuropsychologia, v. 5, n. 1, p. 49-77, 2011.

 

Sobre o autor:

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Estudante de Graduação do curso de bacharelado em Gerontologia pela Escola de Artes, Ciências e Humanidades da Universidade de São Paulo. Atualmente faz estágio na área de pesquisa em treino cognitivo de longa duração pelo Instituto SUPERA – Ginástica para o Cérebro. Tem interesse na área de treino e estimulação cognitiva para idosos, com enfoque em neurologia cognitiva. É membro da Associação Brasileira de Gerontologia (ABG). Já foi bolsista PUB da Universidade Aberta à Terceira Idade da EACH-USP, atual USP60 + nas oficinas de música e letramento digital. Participou como assessora de Projetos e Recursos Humanos na Empresa Geronto Júnior entre os anos de 2019 a 2020. Articulista do Portal Trevoo.

Docente do curso de Graduação em Gerontologia da Escola de Artes, Ciências e Humanidades da Universidade de São Paulo (EACH-USP), Coordenadora do curso de pós-graduação em Gerontologia da Faculdade Paulista de Serviço Social (FAPSS), pesquisadora do Grupo de Neurologia Cognitiva e do Comportamento da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo e diretora científica da Associação Brasileira de Gerontologia (ABG). Membro da diretoria da Associação Brasileira de Alzheimer- Regional São Paulo. É assessora científica e consultora do Método Supera. Articulista do Portal Trevoo.

Gerontólogo e mestrando em Gerontologia pela Escola de Artes, Ciências e Humanidades da Universidade de São Paulo (EACH-USP). Especialista em Estatística Aplicada pelo Centro Universitário das Faculdades Metropolitanas Unidas (FMU) de São Paulo. Pós-graduando do MBA em Data Science e Analytics na Escola Superior de Agricultura "Luiz de Queiroz" da Universidade de São Paulo (ESALQ/USP). Atualmente atua como gerontólogo e coordenador de banco de dados do estudo "A eficácia de um programa de estimulação cognitiva com componentes multifatoriais na cognição e em variáveis psicossociais de idosos sem demência e sem depressão: um ensaio clínico randomizado e controlado", fruto da parceria entre EACH-USP, Faculdade de Medicina da USP (FMUSP) e o Supera Instituto de Educação. Articulista do Portal Trevoo.

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