Tele-estimulação cognitiva para idosos e sua importância na prevenção de declínio cognitivo
Com a chegada da pandemia de Covid-19 no Brasil, a telemedicina passou a ser regulamentada no país sob Ofício do Conselho Federal de Medicina (CFM) nº 1.756/2020 e a Portaria nº 476, de 20 de março de 2020. Nele o médico pode avaliar quando é realmente necessário realizar uma consulta presencial ou é possível fazer o acompanhamento virtual por meio da tele-estimulação cognitiva para idosos.
Dessa maneira, a efetuação de troca de receitas, acompanhamento de exames, sessões de terapia, entre outras situações, podem ser realizadas sem que o profissional e o paciente estejam no mesmo ambiente físico. Com isso, as teleconsultas tiveram um alcance muito maior durante o cenário pandêmico. Elas envolvem um conjunto de tecnologias utilizadas pelos profissionais: integrando, agilizando e facilitando a vida do paciente.
Nesse contexto, a pandemia trouxe a necessidade de repensarmos estratégias de avaliação e intervenções terapêuticas e desenvolvermos novas competências na área da saúde. A telereabilitação cognitiva, por exemplo, é uma metodologia que utiliza as tecnologias da informação e comunicação (TIC’s) como estratégia para estimular as capacidades cognitivas através da interação do indivíduo com sistemas computacionais.
A intervenção cognitiva à distância visa promover potencialidades humanas, com ênfase em problemas cognitivos, em especial, em idosos que estão em um quadro clínico de comprometimento cognitivo leve, estágios de demências e realizando tratamentos pós-sequelas da Covid-19.
Ao participar de atividades de estimulação cognitiva, mesmo de forma remota, o idoso pode atrasar o início da perda de memória, aumentar a plasticidade cerebral, obter um bom desempenho cognitivo e promover um bem-estar emocional. A prática constante de tarefas com jogos, leituras e músicas, por exemplo, pode fortalecer as capacidades de interação social, melhorar o humor, a disposição mental e física, além de interferir positivamente na qualidade de vida da pessoa idosa. (CARVALHAIS, 2019).
Em seu estudo Cacciante e colaboradores analisaram e sintetizaram evidências sobre a eficácia da telereabilitação em pacientes com doenças neurológicas (acidente vascular cerebral, lesão cerebral traumática, comprometimento cognitivo leve etc ), em comparação com a reabilitação face a face convencional. Concluíram que as melhorias no desempenho cognitivo obtidas pela telereabilitação são comparáveis àquelas alcançadas frente a frente, e apresenta ser mais eficiente na melhoria da memória operacional e funções executivas.
Veja algumas vantagens e desvantagens da tele-estimulação cognitiva para idosos:
Vantagens da tele-estimulação cognitiva para idosos:
- Tempo de viagem abreviado;
- Redução de custos e acesso a serviços, especialmente para a população carente e para pacientes com deficiências motoras que influenciam negativamente sua mobilidade e sua capacidade de chegar aos centros de reabilitação.
Desvantagens da tele-estimulação cognitiva para idosos:
- As deficiências auditivas e visuais podem interferir em alguns aspectos da logística de telecomunicações, como qualidade ou clareza visual;
- A ausência de domínios tecnológicos pode prejudicar ou impossibilitar a estimulação cognitiva no contexto remoto.
É relevante destacar o valor das intervenções de tele-estimulação cognitiva baseada na perspectiva ampla da Gerontologia e de outros profissionais. Eles partem da importância do bem-estar do idoso, ainda que em condições adaptadas, e levam em conta o incentivo das potencialidades de cada indivíduo o que torna real a possibilidade de manutenção e melhoria das capacidades cognitivas.
Referências bibliográficas
BERNARDES, M. S.; RAYMUNDO, T. M.; SANTANA, Carla da Silva. O uso das novas tecnologias na reabilitação cognitiva: uma revisão da literatura. Anais, 2014. Disponível em: https://www.canal6.com.br/cbeb/2014/artigos/cbeb2014_submission_343.pdf. Acesso em: 01 dez. 2021.
CACCIANTE, Luisa et al. Cognitive telerehabilitation in neurological patients: systematic review and meta‑analysis. NeurologicalSciences, p. 1-16, 2021. Disponível em https://link.springer.com/article/10.1007/s10072-021-05770-6. Acesso em: 02 dez. 2021.
CARVALHAIS, Maribel et al. Efeitos de um programa de estimulação cognitiva no funcionamento cognitivo de idosos institucionalizados. Revista de Investigação & Inovação em Saúde, v. 2, n. 2, p. 19-28, 2019. Disponível em: https://riis.essnortecvp.pt/index.php/RIIS/article/view/54. Acesso em: 02 dez. 2021.