Sexo também se aprende sim!
Talvez por ingenuidade, ou por prepotência, achamos que já nascemos dotados com toda a informação necessária e suficiente para desempenharmos algumas funções de modo perfeito.
Quando minha filha nasceu, só fui descobrir que a maternidade não era inata, intuitiva e perfeita, tempos depois. Tinha certeza de que poderia identificar a razão do choro, do desconforto e, lógico, teria todas as respostas. Assim é com o sexo.
Já nasci sabendo. Não é instinto? Aprender, treinar, evoluir, bobagem! Quanto tempo nós perdemos com esse tipo de pensamento e as atitudes dele advindas. Levamos anos para aprender um ofício, uma nova língua. Assimilamos com esforço e, se não praticarmos, se não nos atualizarmos, perdemos a fluência, o traquejo. Ficamos desatualizados e ineficientes.
Esse olhar tão diferente me surpreende, sempre. O instinto sexual existe, assim como a fome, o sono, e a necessidade de interação social. E a primeira dica é essa: Veja a vivência da sexualidade como uma habilidade a ser desenvolvida e literalmente treinada ao longo da vida.
Para ser médica foram seis anos de faculdade. Entre residência e outras especializações, mais 8 a 10 anos. Para aprimorar o que aprendi, acrescentar experiência, desenvolver o meu jeito de clinicar e cuidar, são 30 anos.
Sexo se aprende, sim, desde as noções básicas de anatomia, fisiologia até os caminhos mais delicados e complexos da resposta sexual, todos os hormônios e neurotransmissores envolvidos, toda a beleza e dinâmica das interações entre quem eu sou, o que vivi e experimentei e o mundo.
Quanta riqueza, que jornada maravilhosa e gratificante. E essa é minha proposta, quase um desafio para vocês. Farei alguns artigos numa sequência didática e complementar para fornecer informações necessárias para podermos nos graduar com distinção também com relação ao sexo.
Aprender, aprimorar, exercitar. A saúde sexual é um dos pilares do que entendemos como saúde, juntamente com a saúde física, psíquica, espiritual e social. Somos o resultado da interação desses fatores, e a sensação de felicidade, bem estar, depende do equilíbrio entre eles.
Hoje, começo com anatomia, ou seja, quais são os órgãos relacionados à biologia do sexo. Deixarei, de propósito, o cérebro para outro artigo. Sim, o cérebro é o principal órgão envolvido nessa sinfonia. É o maestro, e merece um capítulo a parte.
Sexo também se aprende: Anatomia feminina
Órgãos genitais internos e externos
Sexo também se aprende: Anatomia masculina
Órgãos genitais internos e externos
Vou chamar a atenção para um pequeno órgão, às vezes subestimado ou até negligenciado. O clitóris.
Sexo também se aprende: Anatomia do clitóris
O que ele tem de tão especial? Um vulcão de sensações.
A pequena parte visível, a glande, reúne centenas de terminações nervosas o que o torna muito sensível e capaz de gerar, quando bem estimulado, muito prazer. Lembre-se de explorá-lo em sua totalidade.
E agora, doutora, nós ficaremos somente nas preliminares? Sim, por hoje. Preliminares quando caprichadas e sem pressa são um bom caminho para o prazer.
No próximo artigo, vamos aprender sobre o funcionamento dos nossos genitais e como eles se preparam para o sexo. Ah, se vocês tiverem dúvidas, entre em contato. Eu pretendo fazer uma sessão só para respondê-las.
Sobre o autor:
Luciene Miranda Barduco, médica formada pela USP, continua apaixonada por sua especialidade, a ginecologia e obstetrícia. Depois descobriu a mastologia e, recentemente, a sexologia. Médica, esposa, mãe da Mariana e gosta muito de tudo isso! Colunista do Portal Trevoo.
@lulubarduco